Monday, November 10, 2008

Saturday, March 01, 2008

disco revisitada

quer novidade na seara pop atual? esqueçam os ingleses e suas produções em série de rock bands com muito hype, muita pose e pouca substância. esqueçam também os emos e os rappers... os primeiros não passam de chorões metidos a punks (ainda que, provavelmente pelo som que produzem, nunca tenham ouvido uma banda do gênero na vida) , e os segundos são os poseurs dos nossos tempos - a diferença é que , há vinte anos atrás, os hardrockers posavam com maquiagem e mulheres , e os 'niggas' de hoje com carros e manos... e as garotas? precisam que uma winehouse surja para tirá-las da assepsia e do bom-mocismo musical. com panorama tão desfavorável , é de se espantar que a música mais criativa produzida hoje em dia venha da américa ultraconservadora de bush, mais precisamente das mãos e cérebros novaiorquinos do selo DFA , na verdade um grande conglomerado de artistas que deram a revigorada que a cena pop necessitava, via punk/disco/eletrônica/pop e o que mais vier e der na telha, capitaneados por james murphy, líder do não menos que genial LCD soundsystem. de tanto apostarem nas fórmulas e elementos certos, essa turma estabeleceu um padrão de qualidade, o 'som DFA'.
não por acaso, já desponta como um dos principais lançamentos do ano mais uma cria do selo, o hercules & love affair , na verdade um coletivo capitaneado pelo DJ e produtor andy butler, que traz como colaboradores anthony 'and the johnsons' hegart e mesmo uma design de jóias , kin ann , fazendo vocais na balada downtempo 'iris'.
mistura é o ponto forte do álbum... quer baixo à la chic? quer beats de acid-house? quer timbres electropop? quer guitarras de funk e soul? quer atitude rock? tem para todos os gostos , apesar de ligeira queda para a disco music, provável maior inluência do combo. o álbum começa dando pistas falsas com o instrumental eletrônico esparso, a levada lenta e os vocais de inflexão soul de hogart ('time will'). mas a impressão se dissipa logo na faixa seguinte , 'hercules theme' , que poderia muito bem ter sido lançada pelo chic no fim dos anos 70, pontuada por baixo marcante e riffs de violino(!!!) e trompete. 'you belong' é acid house detroitano safra 1989 que mataria kevin saunderson de inveja. 'blind' -e sua linha de baixo disco cavalar- é o ápice do álbum , e desde já candidata a uma das melhores músicas do ano (apesar de ter sido lançada como single de estréia ano passado). 'this is my life' e 'true false fake real' trazem de volta o ar soft e blasé da disco music do início dos anos 80, recheadas com melodias e refrões que grudam de primeira.
resumo da história : apesar do evidente foco na disco music, o hercules & love affair consegue fazer com o gênero algo inimaginável - tirá-lo de eventuais guetos gays (onde normalmente está classificado), agregar influências e transformar tudo em algo descompromissado, anárquico e espontâneo, sem forçar...
disco punk rules!

Sunday, February 17, 2008

hadouken! (tornado muito nervoso)

para a maior parte da molecada do sexo masculino que foi pré-adolescente no fim dos anos 80/começo dos 90, 'hadouken!' é uma expressão bem conhecida, pois era utilizada pelos personagens do famoso game 'street fighter' ken e ryu quando estes soltavam um golpe de ataque especial que minava com maior eficiência as forças do oponente... a mesma expressão serviu pra batizar uma fluorescente banda britânica de grimme rock, formada em leeds no ano de 2006 por james smith (vocal), alice spooner (teclados, synths, programações), daniel 'pilau' rice (guitarra), nick rice (bateria) e chris purcell (baixo).

a princípio, foi incluída junto com a primeira leva de bandas conhecidas como 'new rave': klaxons, shitdisco, hot chip e datarock. ao contrário de seus colegas de geração, que fazem uma releitura do som dançante inglês da primeira geração pós-rave (happy mondays, altern8, prodigy dos primeiros discos, the shamen), o hadouken! vem calcado na sua maior parte mais pelos ritmos do grimme, a colisão do ragga e rap feita pelos negros ingleses... inclusive foi alvo de diversas críticas por parte de alguns artistas da cena, acusados de darem um aspecto 'branco e reembalado' ao gênero, no que o vocalista james - que tem o timbre de voz idêntico ao de dizzie rascal, maior astro do estilo - reagiu com ironia: 'imitação é a melhor forma de homenagear.' guitarras fora do lugar , som digitais de sintetizadores dos anos 80 e de videogames nintendo e game boy, e uma atitude tresloucada tanto nos palcos quanto fora dele (o apelo pelas cores berrantes e obsessão quase que doentia por neóns são uma das marcas registradas do grupo), fizeram com que, ao contrário do seus contemporâneos de geração , não tivessem tido tanto destaque...

como toda boa banda que assume sem medo seu lado excêntrico, após uma boa série de singles pelas gravadoras independentes kitsuné records e surface noise recordings, lançaram seu primeiro álbum em novembro de 2007, intitulado 'not here to please you mixtape' apenas no formato...pen-drive! apesar da iniciativa pioneira , na verdade não era bem um disco de carreira , e sim uma copilação das faixas anteriores editadas, algumas inéditas apontando para novas direções ( a 'música de trabalho, 'leap of faith', apesar de trazer os sons eletrônicos desconexos de sempre apontava para uma direção mais roqueira) e remixes para outros artistas , como 'no more eating' do rapper britânico plan b , e para a bem sucedida 'the prayer' , do bloc party. ou seja,como diz o título do 'disco', um mixtape de luxo.

o myspace hoje é uma ferramenta quase obrigatória, e o hadouken! tem dois. o primeiro com músicas do grupo e outro com mash-ups e remixes, um espécie de lado b da própria banda,dando vazão assim a própria natureza experimental e inquieta do grupo .

links:





Wednesday, February 13, 2008

a maior banda dos últimos tempos da última semana.


nova york tem sido uma das mecas do art rock e da cultura pop desde sempre... passou por velvet underground no fim dos anos 60 ,desaguou no punk rock de bandas como ramones nos anos 70- de quem os ingleses copiaram o som - até chegar em tempos recentes de grupos como strokes, yeah yeah yeahs e rapture, que tentaram (via reciclagem de alguns dos elementos anteriores) dar novo fôlego e uma boa leva de álbuns vendidos ao combalido rock n' roll...com novos viéses permeando a maneira como as pessoas vêem e ouvem música (pirataria,downloads,etc.), logo o acesso a novas informações , bandas e estilos se tornam cada vez mais fáceis de serem descobertos, contribuindo para a descartabilidade da música e impedindo que boas bandas tenham uma carreira consistente. uma banda é substituída por outra mais 'quente' em questão de semanas, gerando uma bola de neve musical sem fim. um exemplo: os strokes. há cerca de três ou quatro anos eram a última bolacha do pacote em termos de som, atitude e estilo de dez entre dez críticos e formadores de opinião no eixo londres-nova york. foram capa de todos os semanários ingleses e revistas descoladas em todo mundo. venderam milhões de cópias de seus dois primeiros álbuns. fizeram shows concorridíssimos no brasil. hoje são apenas lembrança... foi-se o tempo em que o rádio e revistas dedicadas a cultura pop eram a grande fonte para descoberta dos novos talentos musicais. papel que hoje em dia cabe ao my space, blogs e sites especializados.


o que leva ao vampire weekend, quarteto novaiorquino formado por ex-alunos da renomada univerisidade columbia - chegaram inclusive a se apresentar por lá em priscas eras , o novo hype da música mundial e grande promessa para o ano de 2008. ao contrário da geração anterior, que tinha por base o rock de bandas como television e o pós-punk de gente como the cure ,talking heads e gang of four , o vampire weekend traz como matriz o mix de rock alternativo, música 'africana' fase graceland (lançamento de 1986 do cantor americano paul simon, que mesclava o pop com ritmos do continente) e a 'world music' praticada por david byrne e peter gabriel nos anos 80. alie a isso doses de música nativa como kwassa kwassa (do congo) e mesmo barroca - intervenções de flauta, orgão , violoncelo e cravo são encontrados ao longo de todo o álbum , e dessa salada temos o som da banda. às vezes a fórmula soa pensada , forçada demais, porém o grupo ganha nas melodias bem elaboradas, guitarras percussivas (com toques de clash, ska e as tais 'influências africanas' aqui e ali) e letras irônicas, mezzo ingênuas até ( a própria banda faz piada disso, em versos como 'isto parece tão anti-natural/peter gabriel também' , em 'cope kwassa kwassa'). estranhamente , a única concessão ao tradicionalismo roqueiro está na faixa de encerramento, 'the kids don't stand a chance' , construída sobre tons melancólicos e que poderia estar em qualquer álbum de um lou reed, por exemplo.


apesar do resultado positivo, fica difícil avaliar se o vampire weekend terá a chance de se firmar num mercado tão instável quanto o da música nos dias de hoje. seu próprio álbum de estréia faz surgir diversas dúvidas (entre se é um disco excelente de uma banda mediana ou um álbum mediano de músicos excelentes). ao final da audição do disco, não passa a impressão de algo revolucionário ou inovador... é apenas uma boa coleção de canções calcadas em fórmulas interessantes e bem calculadas, e isso basta.


...até o próximo hype surgir.

link: http://www.myspace.com/vampireweekend







Friday, February 08, 2008

brechó chauvinista canadense...


tudo que falta nas bandas de hoje em dia sobra na música e na atitude do duo canadense de electropop oitentista chromeo...senso de humor. depois de um bom álbum de estréia em 2004, 'she's in control' , que contava com o hit joe jacksoniano 'needy girl' (falando da história de uma garota carente que não deixa seu namorado trabalhar em paz), o segundo álbum dos figuras,'fancy footwork', lançado ano passado, deixa bem claro na capa a grande fissura dos caras: mulheres. todas as letras do álbum falam sobre as aventuras - e desventuras - de seus relacionamentos com o sexo oposto. o som acompanha de maneira lasciva a mentalidade tacanha de dave one e pee thug - basta ouvir qualquer música dos caras e logo vem à mente coisas como prince safra anos 80, hall and oates, technopop de cabaré estilo soft cell e breguices como supertramp , journey e toto. mal (ou bem)comparando, o chromeo é como aquele brechó que tem umas peças de roupas bacanas e estilosas, mas você morre de vergonha de entrar e comprar.
o suingue esperto dos canadenses pode ser apreciado - sem ter vergonha - na faixa título e em 'call me up', que combina batidões dançáveis e timbres de teclados pra lá de cafonas e datados, boas de dançar (e de dar risada). 'bonafied lovin' é música de comercial de cigarro hollywood bem-feita , de matar de inveja as bandas de hard rock dos anos 80 - sim, eles também usam guitarras! 'mommy boy' é chacota das grossas com bandas de rock progressivo, com citação de 'the logical song' do supertramp nos sons de teclados...
apesar de replicar o passado de maneira tão pouco original (quem disse que eles se preocupam com isso?), é um álbum pra se ouvir sem medo de ser feliz, de preferência bêbado e de bom humor - tudo que falta às bandas de hoje...

Wednesday, January 23, 2008

coachella 2008: balanço geral!


conhecido por apresentar novos grupos que despontam na cena mundial e principalmente por ser palco de retumbantes retornos (rage against the machine, jesus and mary chain), o festival americano coachella preferiu apostar no conservadorismo e escalou nomes consagrados para fechar as apresentações deste ano, mas nem por isso deixou de ser interessante... tem lá as suas 'bolas fora' , como o insosso e deslocadíssimo jack johnson fechando a noite de abertura do festival, identificação zero com o público majoritariamente alternativo do evento, mas ainda assim tem grandes achados... a se lamentar o fato da anteriormente anunciada volta aos palcos do my bloody valentine, um dos grandes expoentes do indie rock no fim dos anos 80/início dos 90,não se concretizar. os escoseses parecem não ter pressa, provavelmente os fãs não verão kevin shields e cia tão cedo ao vivo novamente .
alguns motivos para os brasileiros morrerem (ou não) de inveja:
-the verve: richard ashcroft e seus amigos parecem terem deixado as drogas e as consequentes brigas que causaram o fim da banda pra trás e retornam em grande estilo depois de dez anos separados. no seu auge, eram famosos por apresentações intensas e cáusticas... que o tempo não pese contra o grupo , o que é comum em reuniões de retorno.
-raconteurs: o projeto paralelo de jack white (white stripes) e brendan benson provou ser muito mais que uma simples diversão , depois do lançamento do seu álbum 'broken boys soldiers' (2006). showzaço garantido!
-battles: o jazz rock altamente anárquico da banda deverá deixar fãs enlouquecidos e angariar novos seguidores... se funcionar numa arena do tamanho do coachella.
-spank rock: a fusão de hip-hop, electro safra anos 80 e eletrônica moderna produziu um dos discos mais cativantes do gênero nos últimos anos, 'YoYoYoYo'. ano passado se apresentaram no tim festival, e fizeram shows monótonos. jogando em casa e com torcida a favor , espera-se que o trio supere o grande estigma que acompanha artistas de rap/hip-hop em geral: costumam ser péssimos aos vivo.
-modeselektor: o duo alemão de música eletrônica não enrola ao vivo - reinventa suas músicas de maneira que daria inveja ao daft punk. filtros ,barulhos e a loucura dos caras , tudo ao vivo e com participação do público, que é o que realmente importa . uma espécie de fatboy slim mais punk , por assim dizer.
-portishead: o duo trip-hop de bristol , na inglaterra, não se apresenta ao vivo há dez anos...representativos hoje em dia mais pelo valor histórico, tem pelo menos uma obra-prima no currículo, 'dummy' , de 1994. para assistir com reverência.
-kraftwerk: os pais da música eletrônica e , por tabela, de tudo que foi produzido em termos de música pop nos últimos 30 anos. os robôs alemães devem fazer o melhor show do evento, certamente.
-cafe tacvba: rock, salsa, jazz, tango , bossa nova...cabe tudo no imenso caldeirão dos mexicanos, sempre excelentes ao vivo.
-mark ronson: simplesmente o dj/produtor que criou a estética sonora seguida ao pé da letra por gente como a doidona amy winehouse e lilly allen, com referências explícitas ao soul/funk dos anos 70 e a safra motown.
-enter shikari: uma metallica com guitarras de afinações mais baixas, ou um nine inch nails sem eletrônica. citações de blues nas canções, viajante e violento ao mesmo tempo, excelentes no palco. devem levantar os americanos.
-roger waters: mesmo sem o brilho de sua ex-banda, o cérebro do pink floyd relê com bastante competência os clássicos do álbum 'dark side of the moon'. um caça-níquel que vale a pena.
-justice: um dos expoentes da nova geração da música eletrônica , devem basear sua apresentação no excelente 'cross', lançado ano passado.
- gogol bordello: apesar de auto-rotularem sua música como 'gipsy punk', o mix de harmonias balcãs, ritmos do leste europeu e rock à sua maneira funciona de maneira arrasadora ao vivo. lançaram ano passado o fundamental 'super taranta'.
-simian mobile disco: hypados pelo auge da 'new rave' e pelo sucesso de seu álbum ' attack sustain decay release', são garantia de diversão para o público.
mesmo sendo considerada a edição mais fraca do evento desde a sua criação , é de espantar a variedade das atrações... garantia certa de felicidade e dólares/euros bem gastos para quem tiver pique ( e grana) para conferir os três dias de festival.
datas e o line-up completo na foto acima.
site oficial: www.coachella.com/

Sunday, January 13, 2008

massive attack

música é alimento para o espírito, diz muito bem o velho ditado... para certas pessoas, é mais que isso , é a razão para toda uma existência. apesar de sempre apelarmos pro saudosismo do 'na minha época ...', haverão sempre novas formas de expressar o meio , o lugar , as pessoas e a si mesmo através de arte tão singular. melhor ainda se você tem o dom para criar a trilha sonora disto tudo na hora certa , e conectado com que as pessoas precisam ouvir. independente do sucesso comercial ou não , o difícil nesta história toda não é gerar um clássico atemporal , e sim ir um pouco mais além , criar um gênero totalmente novo , algo que dificilmente será igualado por outros...


a história do massive attack tem começo em 1987, com a separação do coletivo de músicos/produtores/DJ's e artistas locais de bristol, na inglaterra, chamado wild bunch , ao qual pertenciam seus membros fundadores: adrian 'mushroom' vowles , grant 'daddy g' marshall e robert '3D' del naja. indo um pouco na contramão do 'verão do amor' propagado pelo estouro da dance music via acid house em londres, resolveram se voltar em retratar sob forma de música - fundindo hip hop , soul , dub e downtempo - o clima pesado das gangues e abandono de sua cidade natal , aproximando-se algumas vezes do jazz e dando início ao que passou a ser chamado posteriormente de trip-hop.


após um esfuziante single de estréia em 1990 , 'daydreaming', uma colaboração entre o grupo, a cantora shara nelson e o rapper tricky (este também um ex-membro do wild bunch), no ano seguinte lançaram o que é considerado por muitos um divisor de águas na fusão de diversos estilos adotada anos mais tarde por diversos artistas do hip hop e da eletrônica, seu primeiro álbum 'blue lines' (foto).


apesar de ter se tornado conhecido mundialmente pela repercussão dos singles extraídos do álbum ,a esfuziante 'safe from harm' e ,principalmente, por 'unfinished sympathy', onde uma magistral condução de orquestra faz o contraponto perfeito para a declaração de amor doída da vocalista shara nelson - que, sob uma segunda ótica , poderia sem problemas estar versando sobre a falta de esperança no lugar onde se escolheu viver- seria injusto reduzir os méritos do disco por apenas estas canções. com um senso de unidade poucas vezes visto na música pop, funciona quase como uma 'soundtrack'. árido na funkeada 'lately', caústico em 'one love' e alentador na jazzística 'hymn of the big whhel' , serviu de base para o som que filhotes como portishead , morcheeba e groove armada fizeram/chuparam anos depois. mesmo tendo feito belos discos depois deste , 'blue lines' é aquele que será justamente colocado por muitos nas listas de uma das mais tocantes e belas obras de toda a história.







Monday, January 07, 2008

synchronicity arkive

música e cinema são artes que ,por muitas vezes, caminham juntas...afinal de contas , quase todo mundo acaba associando uma cena de um filme a uma canção. quando a junção desses dois mundos se dá de forma perfeita, a coisa toda se torna clássica ,imortal. há também os casos de, por acidente ou não - quem sabe, discos inteiros que supostamente casam com obras cinematográficas, se reproduzidos de maneira simultânea... o caso mais conhecido na seara pop é a do clássico álbum do pink floyd 'dark side of the moon' ,cujas músicas têm/teriam perfeita sincronia com o filme 'o mágico de oz' - influência veementemente negada pela banda em diversas entrevistas. verdade ou não , a internet é o campo perfeito para reunir a turba que leva experiências como essa às últimas consequências.


apesar do layout meio confuso, o synchronicity arkive é um site de arquivo de textos que vale a pena conhecer justamente pelo fato de citar em seu conteúdo combinações jamais imagináveis de filmes-álbuns relatadas pelos seus usuários. garante horas de diversão se você estiver disposto a testar sincronias como 'superman, o retorno' e 'the soft bulletin' dos flamming lips , 'o chamado' e 'the fragile ' do nine inch nails, 'o cristal encantado' e 'amnesiac' do radiohead e achados absolutamente geniais e engraçados como 'robin wood,o desenho' e 'appetite for destruction' do guns n' roses ,e 'the jaws' e 'nevermind' do nirvana. as tais combinações recebem nomes como se tornassem uma nova obra , como 'smells like jaws' , 'appetite for the hood' e por aí vai...


altamente recomendável não só para fãs de cinema e música que não se levam a sério e ,principalmente, para admiradores ortodoxos do pink floyd. como sua obra mais conhecida deu a 'inspiração' para a criação do site , seus álbuns reunem mais de 16 combinações , segundo seus usuários.




Saturday, January 05, 2008

estados alterados da mente...

muito antes do conceito de raves e a música eletrônica se tornarem algo corriqueiro ao vocabulário de milhares de jovens no mundo inteiro - quem que não tem um amigo/conhecido frequentador do carnaval rentável que se tornou o gênero nos últimos anos? - os principais lançamentos da eletrônica vinham amarrados por um conceito. algo que começou (inevitavelmente) por influência do progressivo, em álbuns como 'trans-europe express' e 'man machine' ,ambos do kraftwerk , e que continuou mesmo em lançamentos do quilate de um 'music for jilted generation' (1995), do prodigy, que retratava, por trás do baticum sintético, o clima de perseguição e confronto entre a polícia , governo inglês e os 'crusties' - como eram conhecidos os frequentadores das festas realizadas em fazendas ou grandes warehouses. alguns dos álbuns e artistas lançados na 'era de ouro' da eletrônica - fim da década de 80 até meados dos anos 90- são lembrados até hoje. outros injustamente esquecidos pelo tempo...

ouriundos de manchester, cidade que já tinha dado ao mundo tesouros da cultura pop como smiths, joy division -new order , e posteriormente stone roses, happy mondays e oasis , o 808 state é um desses casos. formado em 1987 pelo produtor martin price (responsável por todo o 'conceito' e visual do grupo) , pelos djs andrew barker e darren partington mais o músico graham massey, cabeça da formação e ex-membro da banda de funk industrial biting tongues - que chegou a gravar um ábum pelo lendário selo factory, gravadora da maior parte de todos os álbuns do new order - foi a primeira banda da chamada dance music da época a lançar álbuns com uma certa regularidade, a ter uma carreira fonográfica , isto numa época em que a maior parte da produção da época no gênero baseava-se quase que totalmente em singles e compactos para a pista.

ao contrário da principal inspiração de seu nome - 808 era o nome do principal kit de bateria eletrônica usado nas produções de acid house da época , fabricado pela roland - o som do grupo não era necessariamente para dançar. tinha seus momentos de euforia , mas estava mais ligado a um clima pré chill-out ou ,como gostava de definir price, 'música para baixar a bola, um som para quando o sol está saindo e a viagem está chegando ao final'. na época , o som deles chegou a ser rotulado como ambient house, anos antes da adoção do trance pelos frequentadores de raves e djs no mundo inteiro.

isto pode ser comprovado ouvindo seus dois primeiros álbuns, newbuild e quadrastate, ambos de 1988 - provalelmente o marco-zero da produção eletrônica inglesa , apesar da evidente inspiração no techno de detroit , sintético e escuro - e sobretudo no terceiro , 90 ,em que hits de pista como 'cubik' e o hino sentimental de sua geração, 'pacific state' , onde uma linha de sintetizador de quatro acordes é levada magistralmente por um solo de saxofone lindíssimo, convivem com maior equilibrio. ouvido hoje em dia , ao contrário de muitos lançamentos da época , passa longe de soar datado. não por acaso , foi seu álbum de maior sucesso comercial e é considerado o melhor trabalho deles.

posteriormente lançaram outros álbuns e colaboraram com gente do quilate de bjork e UB40 , embora conseguissem bons momentos nunca mais tiveram o mesmo êxito , nem artístico nem comercial. chegaram a tocar por aqui em 1995 , no free jazz ,logo após foram se fragmentando ao longo dos anos... hoje em dia são apenas história , que merece ser lembrada ,pois são parte fundamental do som eletrônico que conhecemos atualmente.

Saturday, December 22, 2007

bote fé no velhinho (não o papai noel!)


você lembra quando foi a última vez que ouviu uma banda de rock inventiva - de verdade? difícil não? depois do último espasmo de criatividade do estilo , no meio/fim dos anos 90 (mais notadamente pelo nirvana),que tudo o que foi produzido no mundo da música com guitarras desde então não passa de mera repetição ou diluição do que foi feito em décadas anteriores...não à toa que bandas antigas estão voltando. parece inacreditável, mas os grandes acontecimentos no mundo rock em 2007 foram as voltas de bandas como the police , jesus and mary chain e o show de reunião do led zeppelin. isso em um ano que contou com os bons lançamentos de gente com arctic monkeys, klaxons, pj harvey, interpol...
reunidos para uma única apresentação no O2 arena, em londres, como homenagem à ahmet ertgun,fundador da atlantic records falecido ano passado (gravadora por onde a banda gravou todos os seus discos), o led zep foi o único que aparentemente escapou da armadilha caça - níqueis que permeia todo retorno de uma grande banda do passado...tanto que robert plant, vocalista do grupo, rechaçou totalmente a ídéia de um retorno definitivo do grupo...ainda bem.
e se há uma desculpa para que eles não retornem mais é o novo álbum-solo de plant, 'raising sand',ponto alto de uma carreira que, longe do zep, viveu sempre à sombra do fantasma de seu ex-grupo e da irregularidade.
milhas de distância do blues eletrificado e das experiências com música oriental do passado, ele e a cantora e compositora de bluegrass norte-americana alisson krauss investem numa muitíssimo bem sucedida aventura folk e country,costurada de maneira magistral pelo veterano produtor t-bone burnett.
os únicos momentos - aparentes- de concessão ao passado de plant estão em 'fortune teller' ,coverizada por um sem número de artistas ingleses,como the who e stones , e em ' please read the letter' , gravada junto com jimmy page em 1998 no álbum 'walking into the clarksdale'.
nas demais faixas , se destacam o casamento artístico perfeito de plant e krauss, principalmente em 'stick with me baby', cover dos early brothers.
e krauss alcança um momento de genialidade na sublime 'sister rosetta goes before us' , de sam philips...momentos de delicadeza e sensibilidade, a melhor faixa do álbum.
mais difícil que catar uns caraminguás a mais à custa do passado , é se reiventar e criar algo relevante - e conseguir êxito com isso. tudo que falta às bandas de hoje.parabéns pro velhinho!